CÃES RAIVOSOS, parte segunda
tão perto, tão perto, tão perto
tão perto de me tocares no ombro
tão perto de me dilacerares o braço
o braço e o baço e o resto
e eu
tão perto mas tão longe
lá, nos pensamentos
negativa, dupla negativa
inverte o sentido da vida
vã, de fora o de dentro
pensando bem, ficas melhor assim
(mas)
o que dizer dos (...) bondosos? se é que os há
e dos abandonados e dos famintos
e dos que coxeiam e dos que não andam
os que não vivem e os que morreram
tudo por algo sem nome, inominável mesmo
tudo por todos sermos, de quando em vez...
por todos termos, de vez em quando...
um por si e todos por nenhum
o que fazer agora? agora que não há nada a fazer
aprendeste com a tua morte e queres ensinar o que não quiseste aprender a quem não...
quem (...) não precisa
“não se pode mudar o mundo mas podes mudar-te”.